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Society and culture- woman

Sociedade e cultura -  uma afronta aos costumes
O livro de artista integra-se no tema da sociedade e cultura, mais especificamente a visão da mulher numa afronta aos costumes da civilização. Neste projeto abordou-se a relação aos costumes sociais, religiosos e culturais impostos pela sociedade que moldaram a visão da mulher ao longo do tempo, com questões de liberdade, desejo e a relação com sua própria natureza e com a sociedade. 
Este projeto teve como principal referência as reflexões de Simone de Beauvoir, retiradas do livro O Segundo Sexo, no qual explora a dualidade da visão da mulher numa sociedade patriarcal. Outras referências foram o filme Valerie and her week of wonders, pelo uso da cor branca associada à pureza do feminino e como as ideologias cristãs conseguem dominar uma sociedade, Kiki Smith, pelos seus temas sobre a sexualidade e género e a sua maneira expressiva de utilizar o preto, Juul Kraijer, pela utilização de elementos como as raízes e o corpo nu feminino dentro de uma ligação entre a mulher e a natureza, Alicja Brodowicz, onde associa aspetos do corpo com elementos naturais, e a obra Profile à la pipe de Antoni Clavé pelas suas formas abstratas e sombrias. 
Utilizou-se a forma da cruz, referenciando o conceito Christa dos anos 70 e ao respetivo simbolismo cristão, na perspetiva do conservadorismo imposto pela igreja ao longo das épocas, “A representação de uma mulher Cristo crucificada é uma representação particularmente controversa que desafia as ortodoxias teológicas e perturba o simbolismo de género enraizado na cruz cristã. o retrato gráfico do sofrimento feminino expõe poderosamente a realidade da cruz como um local de violência patriarcal.” ( Clargue, J. (2005) The christa: Symbolizing my humanity and my pain.). 
O trabalho, por isso, assenta-se sobre a blasfémia que envolve a perceção do corpo da mulher, questionando as normas sociais que deixam a mulher a uma posição submissa.
O projeto é caracterizado por dois lados distintos, mas com traços de expressão semelhantes. Acentuou-se o uso do preto, simbolizando a raiva suja e a agressividade, consequentemente com o desaparecimento do branco que representa a perda da pureza e inocência. Ambos os lados interligam a visão da mulher como uma entidade natural, uma Mãe Natureza, com analogias a elementos naturais para destacar essa conexão característica. 
A primeira parte da folha retrata o desejo e a liberdade da mulher, é caracterizado um caminho, do inferior para o superior, que vai cada vez mais perder o seu grafismo figurativo e claro para algo mais turbulento e violento. 
Na parte inferior, entre as ramificações, é representado uma vagina camuflada por uma folha e mamas femininas, em segundo plano delas, e com menos visibilidade, umas mãos de modo a transparecer a ideia do desmerecimento do tabu, vulgarmente exigido, e a normalização de um apeto natural. Essas ramificações, enfortecidas pelo traçado, agregam-se para o centro onde se encontra uma junção simbólica de aranha e borboleta, representando as dualidades da mulher. Utilizou-se a frase de Simone de Beauvoir, “(...) her wings are cut and then she is blamed for not knowing how to fly.” e “The feminine body is expected to be flesh, but discreetly so;”, no qual foram simplificadas e divididas por palavras-chave pelas páginas, estas apresentadas mais mascaradas entre a brutalidade através da sua cor neutra. 
A segunda parte da folha aborda a recusa da mulher em fertilizar ou à maternidade, através do aborto. Representou-se a figura do ovário, dentro dele uma romã, símbolo religioso da fertilidade, com raízes que percorrem a parte inferior da composição e com o florescimento na parte superior, prestes a ser interrompido por uma tesoura de jardim, simbolizando a interrupção do processo de crescimento e a decisão da recusa de um futuro bebé. Utilizouse a frase de Simone de Beauvoir, “That the child is the supreme aim of woman is a statement having precisely the value of an advertising slogan.”, no qual foi simplificada e dividida por palavras-chave pelas páginas, estas apresentadas vermelhas como o sangue, em conciliação com a dor física e emocional
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