Inês Leote's profile

Pedro Adão e Silva pela arte urbana

Chelas, Cova da Moura, Pendão e Portugal Novo mostraram ao ministro a Cultura de Lisboa que poucos conhecem
São gostos antigos de Pedro Adão e Silva, que em tempos esteve aos microfones da rádio TSF com um programa sobre vários géneros de música (Zona de Conforto), à frente das câmaras da SIC para uma série de escolhas musicais com Vitor Belanciano (Fora d’Horas) e que tem no Spotify uma playlist de 8 horas e 14 minutos dedicados à “evolução do hip-hop”.
O velho caso de Alfragide, que sentou agentes policiais no banco de réus, acusados de ter agredido jovens da Cova da Moura, veio à conversa. Tudo começou neste estúdio, onde os jovens foram recolhidos pela Polícia e detidos. “Foi porque tínhamos feito uma música contra eles”, diz Heidir, que viu o que aconteceu pela TV.
Ter começado estes "percursos mensais" pela cultura urbana não é por acaso. No meu cargo, tenho a obrigação de olhar para os vários tipos de cultura”, explica Pedro Adão e Silva, que assumiu a pasta em março deste ano.
Todos os tipos de cultura são mesmo todos. Até mesmo os mais marginalizados na agenda mediática, como a cultura urbana, o rap, o hip-hop, a arte nos murais da Área etropolitana
A escola continua a ser uma das maiores preocupações no bairro: “porque é que não há a mesma exigência nas escolas daqui? Estamos a tirar a ambição aos jovens”. E a entrada no mercado de trabalho acaba por ser condicionada - a pergunta "De onde és" mais facilmente recebe "Marvila" como resposta que "Chelas". 
Mas "mais importante do que esta batalha de nomes, é fazer evoluir a zona. Será que é mais importante ter uma placa a dizer ‘Chelas’, ou placas a dizer que ali é a farmácia, ali os bombeiros e aqui um teatro? Muitas pessoas nem sabem que há aqui um teatro."
A peregrinação do Ministro da Cultura também passou por uma bairro mais próximo do centro de Lisboa - o bairro do Portugal Novo. Durante o dia, absorveu a cultura urbana da Cova da Moura, do bairro do Pendão, de Chelas, Serra das Minas e do bairro da Torre.
O Portugal Novo recebeu-o em festa: com comida e muita música, como dita a cultura cabo-verdiana. As batucadeiras posicionam-se em meia-lua e aguardam Pedro Adão e Silva. Nas pernas, agarram uma chabeta e o batuque. Vestem saias e fitas de cabeça verdes. E lá batucam: “Cabral mandou cavar o chão”, cantam em crioulo. À terceira música, o ministro já batia na perna. O momento lembra-o das viagens a Cabo-Verde, em que “cada sítio tinha batucadeiras” e foi “obrigado a dançar”.
Emília fez a cachupa para o almoço, no Bairro do Portugal Novo. “Tem razão”, diz o ministro, que a saboreou na mesa, rodeado de um grupo de mulheres batucadeiras de Cabo Verde. “A rainha da cachupa é melhor do que o rei da cachupa”.
Texto: Catarina Reis
Fotografia: Inês Leote
Artigo disponível aqui: https://amensagem.pt/2022/09/21/visita-ministro-cultura-pedro-adao-silva-bairros-lisboa-cidade-pais-vivemos/
Pedro Adão e Silva pela arte urbana
Published:

Pedro Adão e Silva pela arte urbana

Published:

Creative Fields