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Arquiteturas do Acolhimento | P2 | 2012

PROJETO ARQUITETÔNICO II
Disciplina: Projeto Arquitetônico II - UFRGS
Prof.: Fernando Fuão
Estágio docentes: Ana Vieceli, Celma Paese e Marcelo Gotuzzo
Semestre: 2012/2

O programa da disciplina consistia em propor um espaço, construído ou não, no Parque das Serpentes, parque/ateliê da artista plástica Cláudia Sperb. O desenvolvimento dos projetos foi bastante focado em sensações e sentimentos que a arquitetura pode causar no humano que a habita (“acreditam na arquitetura por ela mesmo e de seu oficio de construção, mas se esquecem que o verdadeiro objeto da arquitetura é o humano que se esconde nela”).
IMPRESSÕES DO TERRENO
           Eu conheci o Parque das Serpentes antes de visitá-lo.  Desde a primeira vaga descrição do lugar – “é um parque em Morro Reuter, que é cheio de mosaicos” –  ele já começou a existir na minha imaginação.

           “Uma figura se desilude ao não encontrar aquilo que esperava e isto é o que faz nascer a novidade”. 

           Que novidade seria se ele fosse exatamente como eu imaginava? Algumas fotos na internet ajudaram a construir a imagem mental do lugar, mas sempre ficava algo incompreendido. “Bom, quando eu visitar acho que vou entender melhor.” Mas chegando lá, segui sem entender bem do que se tratava. “Talvez depois do levantamento...” E de novo, ainda sinto que não consegui captar tudo que existe lá. Tem algo que, mesmo após 3 ou 4 visitas, ainda está presente na minha concepção do lugar: a aura misteriosa, aquela sensação de que eu nunca vou conhecê-lo inteiro; de que é impossível, com a minha percepção humana e limitada, compreender toda a vastidão daquele penhasco, toda minuciosidade de cada caco de mosaico, de cada universo dos formigueiros escondidos debaixo das pedras.
            Mesmo com tantas informações, o visitante não fica, de modo algum, passivo diante de toda a arte. É ele quem decide o percurso, se vai seguir reto pelo caminho principal ou se pega um “encumpridalho” pelo caminho sinuoso no meio da mata. Seja por um ou seja por outro,  ele vai desvendando o lugar. A mata cumpre bem seu papel de ir revelando aos poucos: é quase impossível enxergar muito além. Bom, pelo menos é assim... até o penhasco. De repente, saímos da estreiteza que é o caminhar por entre as árvores e nos damos de cara com uma imensidão. 
 “acreditam na arquitetura por ela mesmo e de seu oficio de construção, mas se esquecem que o verdadeiro objeto da arquitetura é o humano que se esconde nela”

            Portanto, mais que um objeto arquitetônico, quero criar um espaço de recolhimento ou de convívio, de contemplação da natureza ou de si mesmo, de instrospecção ou de extroversão.
IMPLANTAÇÃO E PROPOSTA
               Proponho um espaço que fique incrustado no penhasco, para aqueles que têm ânsia de estar mais perto do abismo mas a condição humana não permite alçar vôo.
               É acomodado em uma reentrância do relevo, onde a forma côncava do penhasco oferece acolhimento.
               O acesso acontece lateralmente por uma espécie de trilha, para que o visitante não saiba o que o espera até que ele de fato chegue ao local, mantendo a surpresa de descobrir o penhasco, que foi uma das sensações mais instigantes que tive quando conheci o sítio.
 
               Se propõe a explorar as sensações de segurança e de vulnerabilidade, pois uma vez dentro dele, o visitante olha para baixo e vê, através das frestas do piso, o abismo sob seus pés; olha para cima, e, através das frestas do teto, vê o céu sobre sua cabeça; olha ao redor e vê, através  as paredes vazadas, a incrível vista da cidade lá longe, como um formigueiro humano. Dessa maneira, a permeabilidade dos planos é máxima, tanto visual quanto em relação aos fenômenos da natureza. O vento, a chuva, a luz e a vegetação entram  sem restrições.
 
               Por ter parede-teto-piso, acolhe. Ao mesmo tempo que abriga, entretanto, permite que a natureza o permeie a não a impede de existir.
 
PLANTA BAIXA
           Trata-se de um espaço amplo e único, com cerca de 30m², com 9,5m de comprimento e 3m de largura no seu ponto mais afastado do penhasco.
           É equipado com três pares de poltronas acompanhadas de mesinhas baixas. O mobiliário deverá ser resistente a intempéries. Pode ser um espaço de contemplação e de convivência, usado para tomar café da manhã ou para simplesmente observar a paisagem.
 
           O piso é de tábuas de madeira com 20cm de largura, espaçadas 3cm entre si, de modo que o visitante olhe para baixo e enxergue o abismo através das frestas. As paredes são painéis constituídos de trama irregular de bambu, também vazado. o teto é formado por varas de bambu, sem vedação especial entre elas. Se chove lá fora, também chove lá dentro.
 
           Há uma fresta entre o piso e a pedra, por onde escorre água, de modo que seja um local onde o visitante esteja em contato permanente com a água, o vento e a luz.
 
PAINEIS
Arquiteturas do Acolhimento | P2 | 2012
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